terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Carlos Magro
O Heli-Canhão



Quando fui para o destacamento de Cuito Cuanavale no Héli-Canhão, tive que aprender a disparar com o canhão, logo pensei que estava tramado porque, não só tinha que prestar seviço como mecânico, mas também de atirador, enfermeiro, caçador e prestar apoio aéreo às tropas no terreno, quando o solicitassem.
Lembro-me que no primeiro pedido de apoio aéreo pelas tropas no terreno em confronto com uma coluna de guerrilheiros do MPLA ou FNLA, o piloto, com os pneus do helicóptero quase a roçarem nas folhas das árvores, começou a transmitir-me através dos auscultadores:
- "Magro, quando chegarmos ao local, vou subir e descer rapidamente aos "SS", tens que te aguentar agarrado ao canhão, de pé e atento á mira telescópica, porque não sabemos quantos guerrilheiros estarão a disparar para o helicóptero e podem ser muitos!"
Assim, quando chegamos ao local, as nossas tropas deram indicação ao piloto da direcção que o "gajos" tomaram na fuga. Ainda percorremos bastante área mas nem vê-los! Evacuamos alguns feridos e regressamos ao Cuito.

Também, ainda no Cuito, fomos informados que tinha havido grande tiroteio e baixas das nossas tropas “Os Flechas” (soldados negros recuperados ao inimigo.
Um Héli dos “Saltimbancos” mais quatro Hélis dos nossos "primos" da África do Sul, que nos ajudavam porque tinham receio que a guerra se alastrasse áquele País (o que mais tarde se veio a verificar com a independência), fomos verificar os estragos: muitos mortos (alguns com os miolos de fora), foi impressionante! Vimos um ferido a mexer-se, que evacuamos. Esse ferido contou que alguns não estavam mortos e que as tropas inimigas os esfaqueavam nas pernas e, se reagissem, eram mortos. O que evacuamos terá ouvido dizer: "este está morto!" e foi a sorte dele!








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